Arte: ZYDigital / Reprodução
O MIDIACOM-RJ reuniu profissionais do setor de TV, rádios, jornais e revistas para a apresentação dos resultados da sua pesquisa sobre o papel da mídia tradicional no desenvolvimento econômico, social e cultural do Estado do Rio de Janeiro.
Na abertura do evento, o presidente do MIDIACOM-RJ, José Antônio do Nascimento Brito, destacou a importância estratégica do Rio de Janeiro como centro de produção de conteúdo e classificou o estado como um “heavy user de mídia”, com consumo diário e intenso.
Conduzida pela Quaest, a pesquisa avaliou a percepção dos impactos do setor a partir de três dimensões: econômica, social e simbólica, e cultural.
Os resultados apontam a mídia como um catalisador do desenvolvimento, com predominância do impacto econômico, que responde por 80,9% da percepção total. Os impactos social e simbólico somam 18,4%, enquanto o cultural representa 0,7%.
Dimensões dos impactos da mídia
Econômica
A dimensão econômica foi a que se mostrou mais relevante. Ela mede impactos como arrecadação de impostos, geração de empregos e estímulos a outros setores. Para 80,9% dos entrevistados, a mídia é um agente decisivo para o desenvolvimento econômico do estado.
Entre os principais efeitos econômicos percebidos estão:
- Fomento ao turismo: 77% dos cariocas e fluminenses concordam que o setor de mídia impulsiona significativamente a economia do estado ao aumentar o turismo. A mídia tem um papel fundamental na divulgação e promoção do destino, atraindo visitantes.
- Movimentação econômica: 62% concordam que o setor movimenta positivamente outros setores econômicos na cidade ou região.
- Arrecadação e estabilidade: 60% concordam que a indústria de mídia impacta positivamente a arrecadação de impostos, sejam eles estaduais ou municipais. Além disso, 61% concordam que, se o setor de mídia saísse do Rio, a economia do estado seria impactada negativamente.
- Emprego e renda: 59% concordam que o setor contribui para a geração de empregos na cidade e na região.
Social e simbólica
A dimensão social e simbólica representa 18,4% da percepção total e está relacionada à imagem, identidade e representatividade do Rio de Janeiro. Esse capital simbólico, gerado pela mídia fluminense, é percebido como um ativo econômico indireto.
Os principais impactos desta dimensão são:
- Orgulho e imagem positiva: O setor de mídia fluminense é motivo de orgulho para 46% da população. Além disso, 59% dos entrevistados acreditam que novelas, filmes e séries produzidos no Rio melhoram a percepção do estado no Brasil e no mundo. Isso posiciona os produtores de conteúdo como agentes fundamentais para projetar uma imagem positiva do Rio.
- Símbolo nacional: 69% dos residentes do estado acreditam que o Rio é o grande símbolo do Brasil no mundo. A imagem do Brasil é simbolizada globalmente pelos ícones e símbolos localizados no estado, especialmente na cidade do Rio de Janeiro.
- Criatividade e cultura: Há uma forte associação entre o Rio de Janeiro e a produção cultural. 56% da população associa a cidade à palavra “criatividade” e 49% à “cultura”.
- Capital simbólico para marcas: O capital simbólico invisível gerado pela mídia é reconhecido por sua capacidade de impactar o mercado. Quando uma marca utiliza o Rio de Janeiro como referência, ela consegue vender mais e vender melhor, frequentemente exportando produtos. Este capital simbólico é visto como estratégico para construir o futuro econômico do estado.
- Contribuição para debates nacionais: A produção de conteúdo no Rio de Janeiro consegue contribuir para os grandes debates do país. Temas sociais relevantes como racismo (o principal tema lembrado espontaneamente na pesquisa), corrupção, violência e desigualdade são abordados em novelas, séries e filmes brasileiros.
Cultural
A alavanca cultural é, estatisticamente, a de menor peso (0,7%) no modelo de diagnóstico da pesquisa. Ela mede o impacto observado na construção de comportamentos e criação de tendências.
A razão para o percentual ser tão baixo é que, para os fluminenses, a influência da mídia na formação de comportamento e na criação de tendências não é vista como um fator significativo para entender o impacto geral do setor.
Hábitos de consumo de mídia e os principais interesses
A pesquisa detalhou os hábitos de consumo e as preferências dos entrevistados em relação a mídias tradicionais e novos formatos digitais.
Os dados mostram que as mídias consumidas habitualmente pelos fluminenses incluem tanto as tradicionais quanto as digitais, com um equilíbrio entre a TV aberta e o YouTube dentre as mais populares.
Outra constatação mostra que 90% dos fluminenses são consumidores heavy user de mídias (a pesquisa considerou heavy user aquele que utliza um canal pelo menos uma vez por semana). Assistir TV aberta, ouvir músicas em aplicativos, ouvir rádio e assistir vídeos gravados no YouTube são os canais consumidos com mais intensidade.
Os destaques do relatório sobre o consumo das diferentes plataformas e os interesses do público são pontuados a seguir.
Canais tradicionais (TV e rádio) com forte preferência e fidelidade
- Força da TV e do rádio: Mesmo com as novas tecnologias, 54% da população do Rio diz que ainda utiliza canais tradicionais, como rádio e TV aberta, para se informar, demonstrando a força contínua desses meios.
- A mídia como companheira fiel: A mídia é vista como uma “companheira fiel” em momentos de relaxamento no lar. Assistir à TV aberta é um hábito para 77% e assistir à TV fechada para 72% em diversas situações de uso, sendo o maior percentual para relaxar em casa.
- Preferências de rádio: O Estado do Rio de Janeiro apresenta um cenário midiático complexo, e as rádios mais ouvidas são FM O Dia, JB FM, Melodia e Rádio Tupi. A Rádio Melodia domina 11% do share, consolidando a mídia gospel como um forte vetor de influência.
Mídia impressa e digitalização
- Migração rápida: O hábito de ler jornais e revistas físicos (impressos) é a modalidade que está em transformação mais rápida. 57% discordam que preferem ler jornais e revistas impressos do que online.
- Motivos para o impresso: Para aqueles que ainda preferem o impresso, os motivos incluem o conforto que a leitura no papel proporciona (principalmente para pessoas com mais de 60 anos), o gosto de ler no papel (considerado mais agradável e menos cansativo), o hábito e rotina e a nostalgia e tradição.
- Preferência online: As pessoas estão preferindo ter acesso à modalidade digital do conteúdo. O G1 e O Globo são os jornais online mais consumidos pelos cariocas e fluminenses, concentrando a maior visibilidade e preferência.
Consumo de novos formatos digitais (streaming, podcasts e YouTube)
- Streaming dominante: Entre os serviços de streaming, a Netflix é o mais assistido (50% de preferência), seguido pelo Prime Video (15%). O Globoplay aparece em terceiro (11%), a frente de outros serviços de streaming internacionais.
- Podcasts: O Podpah é o mais ouvido (8%), seguido pelo Flow (8%).
- YouTube: Cazé TV, Whindersson Nunes, Felipe Neto e Você Sabia? são os canais mais assistidos.
- Fragmentação digital: O consumo de podcasts e canais do YouTube ainda é fragmentado e sem preferência consolidada. No caso dos podcasts, 42% não souberam indicar um favorito e, para o YouTube, esse percentual chega a 54%.
Assuntos de maior interesse
- Notícias, esportes e filmes: Os assuntos que mais interessam aos cariocas e fluminenses, nos canais de comunicação, são: notícias e Jornalismo (principal), esportes e filmes.
- Religião: A produção de conteúdo com temas de fé e religiosidade vem ganhando relevância. Muitos conteúdos mencionados espontaneamente como top of mind pelos entrevistados se relacionam com fé ou religiosidade.
O papel estratégico da credibilidade da mídia
Em um ambiente digital marcado por desinformação e fragmentação, a credibilidade da mídia tradicional surge como seu principal ativo estratégico.
A pesquisa mostra que esses veículos são vistos como “autenticadores dos conteúdos”, legitimadores da informação e referência de confiança, papel que as novas mídias ainda buscam consolidar.
O relatório recomenda o fortalecimento do jornalismo e do entretenimento profissionais como base para ampliar essa confiança.
Referências
Os dados da pesquisa foram coletados em setembro de 2025. Participaram residentes no Estado do Rio de Janeiro acima de 16 anos, totalizando 2004 entrevistas.
O relatório completo da pesquisa pode ser baixado aqui
*Fonte: MIDIACOM-RJ


