IBC2025 aponta necessidade de parcerias entre empresas digitais e grupos de mídia; rádio digital avança pela Europa

Publicidade rádios nas ruas de Amsterdã: Qmusic, Skyradio e Radio 538. Foto: tudoradio.com

Um fio condutor entre os principais painéis do IBC2025 foi a necessidade de união entre os mais diferentes agentes de conteúdo para atuar de forma eficiente em uma era de consumo fragmentado. A dificuldade enfrentada pelas empresas de mídia, que precisam entregar em múltiplas plataformas para superar esses obstáculos, também é compartilhada por grandes players digitais, que buscam a credibilidade, as marcas e a capacidade de alcançar grandes públicos que o rádio e a TV ainda garantem. Atuação com agregadores, parcerias de distribuição de conteúdos, uso das redes sociais, entre outros pontos, já são práticas consolidadas, mas agora passam a ter a inteligência artificial como aliada para ampliar alcance e qualidade. Nesse contexto, o rádio digital também avança na Europa. O tudoradio.com cobriu o IBC2025 direto da Holanda, com os apoios de AMIRT e outras entidades

O consumo fragmentado de conteúdo em múltiplas plataformas, principalmente entre as gerações mais novas — mas também perceptível em faixas etárias mais altas —, foi destacado como realidade global. A publicidade, por sua vez, migra cada vez mais para formatos de extrema personalização, direcionados ao público que se deseja atingir, buscando afinidade e convertendo pessoas em fãs. Esse movimento foi evidenciado nas palestras de Evan Shapiro, que analisou o comportamento da audiência e possíveis tendências, e de Maria Rua Aguete, que mostrou para onde está sendo direcionado o investimento. O Brasil também foi citado nesse processo de transformação.

indústria não está em descompasso com essa necessidade estratégica. Já é perceptível no IBC a diferença em relação ao último NAB Show, realizado há apenas cinco meses. Mais soluções de inteligência artificial foram apresentadas, com a promessa de otimizar processos, ampliar a entrega multiplataforma, apoiar o planejamento das empresas e, principalmente, refinar o conteúdo oferecido ao público, seja na produção ou na etapa final de consumo. Ou seja, os desafios aumentam, mas também crescem as ferramentas para enfrentá-los.

Nesse cenário, o rádio se insere em várias frentes possíveis. Com custos mais enxutos e sustentado pela força do áudio, que acompanha o público em diferentes atividades do dia a dia, o meio segue relevante, dependendo diretamente da qualidade do produto, do uso correto das plataformas e de outras estratégias. A margem de erro ficou reduzida: o público espera qualidade e eficiência no dial e no digital, em meio a uma concorrência que inclui players poderosos também em busca de acerto contínuo.

Na Europa, centro do IBC, o rádio passa por uma transformação digital em ritmos diferentes, conforme país e região. Os números apresentados pela WorldDAB, associação que representa a tecnologia DAB+, reforçaram essa realidade. O destaque fica para o Reino Unido, onde dois terços do consumo de rádio já ocorrem no digital (DAB+ dominante e streaming em alta). França, Alemanha e Holanda seguem no mesmo caminho, em ritmo acelerado nos últimos anos. Em Amsterdã, sede do evento, chama atenção a presença de publicidade de rádios em pontos públicos de transporte, mesmo em uma cidade onde o carro — tradicional aliado do rádio — não é predominante.

Nesse contexto, o crescimento do streaming em dispositivos conectados, o uso de agregadores de áudio, podcasts, a popularização do rádio digital terrestre e a exploração do FM de forma mais assertiva são elementos que garantem presença e relevância. A fragmentação, além do consumo, também se reflete na receita, o que reforça a necessidade de eficiência em todas as frentes. Assim, o rádio precisa estar pronto no dial e no digital para participar como protagonista dessa transformação. Se a era atual é da afinidade, como apontou Shapiro, trata-se de um território onde o meio sempre soube atuar com força.

*Informações: tudoradio.com

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