Foto: tele.síntese/Reprodução
Estatal de telecomunicações reforça papel de integradora multiórbita, ganha acesso ao próprio caixa e dobra receita em relação ao ano passado
A Telebras lançou nesta quarta-feira, 26 de novembro de 2025, sua nova marca institucional em evento que marcou também a nova fase econômico-financeira da estatal. O presidente da empresa, André Leandro Magalhães, destacou que a Telebras hoje:
“Se posiciona como a única empresa no setor satelital multiórbita”, com atuação em baixa órbita, média órbita e no satélite geoestacionário, o que, segundo ele, “permite maior aderência às demandas da população brasileira”.
Questionado sobre o balanço ainda em prejuízo e o papel da nova identidade visual nesse contexto, André Magalhães relacionou diretamente a reformulação da marca ao plano de sustentabilidade econômico-financeira.
“A empresa vem se renovando, ela saiu num momento muito difícil, houve um tempo recente que estava num processo de privatização, e ela estava num processo de dependência dos recursos da União, o que trouxe várias dificuldades operacionais para a empresa, principalmente na parte de investimento e da manutenção dos seus ativos”, disse.
Telebras: Nova marca ligada ao plano de sustentabilidade
Com a nova condição operacional, o presidente afirmou que a Telebras passa a combinar marca renovada com reposicionamento estratégico:
“Hoje ela apresenta uma nova marca e também, renovação do seu propósito. Então, a empresa está já aferindo receitas superiores ao plano de sustentabilidade, estamos já com o portfólio renovado e ampliando esse portfólio, e também fazendo investimentos na nossa rede de infraestrutura, também como em parcerias de tecnologia”.
Receita dobrada e meta de operar “no azul” em 2027
Ao tratar dos números, André Magalhães informou que a Telebras já ultrapassa a meta traçada no plano de sustentabilidade. Ele afirmou que:
“O resultado deste ano, da própria Telebrás, já está ultrapassando a meta que nos foi desafiado” e que a estatal está “dobrando, inclusive, o nosso orçamento, a receita”.
Ao relembrar o desempenho anterior, o presidente citou que a receita do ano passado ficou em “R$ 300 e poucos milhões” e que, em 2025, a empresa já se aproxima de “quase R$ 600 milhões”, mesmo com três meses em que o plano demorou a ser liberado. A expectativa é antecipar o prazo para operação no azul:
“Em 26 e 27, principalmente em 27, a gente vai ter um resultado fantástico, o que talvez faça com que o nosso resultado, se sairmos, se finalizar esse processo, se sair da dependência, venha lá de 30 e 31 para 2027”.
Acesso ao Caixa e investimentos em infraestrutura
O presidente ainda lembrou que a Telebras já dispunha de recursos em caixa, mas não podia utilizá-los enquanto era classificada como dependente da União.
“Na realidade, a Telebras contava com caixa. Em função de ser dependente dos recursos da União, não podia fazer uso desse caixa. Agora, nessa nova condição, a gente faz o uso para investimentos e para a retomada dos nossos ativos na área do backbone e da parte satelital e de serviço de tecnologia”, afirmou.
Sobre o montante, ele confirmou a ordem de grandeza próxima de R$ 400 milhões, distribuídos ao longo do plano:
“Os recursos são nessa ordem. Obviamente, é um plano de sustentabilidade que traz uma cronologia e responsabilidade de desembolso nesse propósito”.
Segundo Magalhães, o contrato de gestão com o Ministério das Comunicações “está sendo efetivado, o que vai nos propiciar também a execução dessas políticas públicas”.
O presidente também comentou novos contratos em negociação, sem revelar nomes em razão das regras de mercado:
“Estamos fechando contratos significativos, que na realidade é o desenvolvimento de políticas públicas do governo, chegando à ponta, a quem precisa, que é o nosso cidadão brasileiro”.
Ele afirmou acreditar que ainda em 2025 será possível anunciar “a contratação já de dois programas, já acho que significativos, para a Telebras e para as discussões de políticas públicas”.
Visão do MCom: Telebras como integradora satelital do governo
No evento, o ministro das Comunicações, Frederico Siqueira, ressaltou o papel da companhia na política de inclusão digital e na proteção das comunicações estratégicas do governo federal.
“A Telebras expressa o lugar que ocupa hoje na política de inclusão digital, na proteção das comunidades, das comunicações estratégicas da União e na infraestrutura que sustenta os serviços digitais e rede privativa do governo do Brasil”, afirmou.
Ele lembrou ainda a renovação do contrato do GESAC no final de 2023, bem como projetos como Aprender Conectado e o uso do satélite em programas de educação e inclusão.
“O projeto satelital integrador de soluções de satélites do governo do Brasil vai ser a Telebras pela expertise que a empresa tem, pela qualificação dos profissionais que aqui se encontra”, declarou.
Siqueira também destacou o movimento de integração com outros órgãos públicos e estatais, como Correios, Serpro e Codevasf, e citou contratos com órgãos como DENIT, EBC, INSS, Ministério da Educação, Ministério do Trabalho e DataSus como exemplos do papel da Telebras na oferta de serviços críticos para a administração federal.
Rede privativa e Data Centers no centro da estratégia
Em conversa com jornalistas após o evento, o ministro reforçou que a nova condição financeira também amplia o espaço para investimentos em data centers e redes críticas.
“Então, ela agora vai poder administrar seu caixa, realizar seus investimentos, fazer modernização dentro da sua rede psicológica, pensando na nova solução de satélite, como também investimento em TI, para modernizar todo o seu parque”, disse.
Sobre a rede privativa de governo, ele afirmou que:
“A Telebras, sim, será o operador da rede privativa de governo, com o objetivo de levar mais conectividade dentro do órgão, dentro das suas operações críticas, porque a infraestrutura está pronta”.
Segundo o ministro, a parceria com a EAF está focada na construção da última milha, “visando melhorar a experiência do usuário e redução de custos”.
Ao ser questionado sobre a situação da Oi, Frederico Siqueira afirmou que o governo acompanha o caso e busca garantir a continuidade dos serviços essenciais:
“A Oi passa por essas dificuldades que o governo está fazendo e vai fazer garantia de que todos os direitos e obrigações, todos os direitos dos trabalhadores sejam cumpridos. Acompanhe. E arrumar alternativas para dar continuidade na prestação de serviços críticos, que é tão importante na nossa população”.
*Fonte: tele.síntese

