Foto: Suelen Rodrigues/AMIRT
O Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais desacelerou neste ano e deve fechar 2025 com 2,0% de crescimento, já PIB nacional teve alta de 2,4%. A projeção é da Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG), que divulgou nesta quinta-feira (18/12) o seu balanço anual e perspectivas para 2026 em um evento com jornalistas na sede da Federação, em Belo Horizonte.
Segundo o presidente da Federação, Flávio Roscoe, o crescimento de Minas ficou abaixo do nacional por dois principais fatores: a indústria extrativa e o agronegócio, que cresceram abaixo da média brasileira.
“A indústria extrativa por conta do petróleo. O que cresceu muito foi a indústria do petróleo e nós não temos petróleo em Minas Gerais. Quando um item que é muito relevante ele sobe muito, a mediana onde você não tem aquele item vai ser inferior à média nacional. E no caso do campo é porque as commodities que cresceram a produtividade não eram as commodities mais fortes em Minas Gerais. O café teve uma boa produção, mas de resto, o resto do nosso agronegócio sofreu com uma série de fatores e cresceu abaixo”, complementou.
O PIB da indústria cresceu 1,7% no Brasil e 1,3% em Minas Gerais, resultado do cenário de juros elevados e da menor dinâmica da demanda. Pelo lado da demanda, houve forte desaceleração no consumo das famílias, enquanto os investimentos seguiram em ritmo de crescimento moderado.
Tarifaço
O tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Brasil, em meados de agosto, não foi tão danoso quanto o inicialmente previsto. Após negociações diplomáticas, em novembro Trump determinou a retirada das sobretaxas de 40% aplicadas a determinados produtos agrícolas importados do Brasil.
“A maior parte dos produtos que representavam boa parte do valor acabaram sendo retirados do tarifaço. Na indústria não foram tantos, mas na agricultura, todos os produtos estão fora do tarifaço, porque esses produtos são interessantes para os Estados Unidos, então, o governo americano acabou retirando eles da lista. No setor industrial, nós tivemos aviões e produtos aeronáuticos, mas a Embraer não está situada aqui, então, atendeu São Paulo, por exemplo. O ferro-gusa, que era um produto muito afetado, também saiu do tarifaço na primeira leva, isso foi positivo para Minas Gerais, mas outros setores não saíram. Esses setores estão sendo duramente atingidos”, declarou Roscoe.
Mercado de Trabalho
O estudo da FIEMG também revelou que o mercado de trabalho permaneceu aquecido em 2025, contrariando expectativas iniciais de desaceleração. A taxa de desemprego no Brasil atingiu 5,6% no 3º trimestre, o menor patamar da série histórica. Em Minas Gerais, o desemprego chegou a 4,0%, mínima histórica, mantendo o estado abaixo da média nacional.
Perspectivas para 2026
Para 2026, o crescimento da atividade econômica tende a permanecer moderado, limitado pela manutenção de juros elevados e pelo ambiente de maior risco fiscal. A expectativa é de recuperação gradual da indústria ao longo de 2026, condicionada à eventual redução da taxa de juros e à retomada dos investimentos produtivos.
O mercado de trabalho deve passar por desaceleração gradual em 2026, após registrar mínimos históricos de desemprego em 2025, acompanhando o menor ritmo de crescimento econômico.
No cenário externo, a desaceleração da economia chinesa e a persistência das tensões comerciais globais seguem como riscos relevantes para o crescimento brasileiro.
Para Flávio Roscoe o cenário para o próximo ano ainda deve contar com momentos delicados para o setor industrial. “Continua um ano muito difícil, porque com taxas de juros muito altas, elevadas, nós vamos ter aí um cenário bem complexo. A economia está disfuncional, porque de um lado o Banco Central bota o pé no freio, subindo a taxa de juros, e do outro lado, o governo federal não para de gastar, faz com que haja uma expansão da atividade econômica. Então o governo está dando dois sinais em direções opostas”, comentou.


