A pedido de O Fator, Marcelo Vitorino fez, durante congresso da AMM, avaliação sobre o uso das redes sociais por parte de gestores
O consultor Marcelo Vitorino, tido como um dos mais influentes nomes do marketing político brasileiro, aproveitou o primeiro dia do Congresso Mineiro de Municípios, nesta terça-feira (7), no Expominas, em Belo Horizonte, para fazer um alerta a prefeitos e secretários. Segundo ele, muitos gestores têm confundido comunicação institucional com promoção pessoal, o que pode custar caro política e juridicamente.
Vitorino, que foi um dos painelistas do evento, promovido pela Associação Mineira de Municípios (AMM), participou do “Fala, Fator”, videocast de política de O Fator. A atração tem recebido convidados do congresso para debater os temas tratados nas palestras.
Na avaliação do consultor, a linha que separa a comunicação das ações do Executivo e figura do gestor tem sido ignorada por prefeitos que colocam seus nomes e imagens em praticamente todos os materiais feitos pela administração municipal.
“É o canal da prefeitura compartilhando coisas do prefeito, colocando-o em tudo que é foto, marcando-o em tudo quanto é publicação. Isso é ‘mato’ e também problemático”, disse.
São práticas muito comuns em prefeituras do interior, onde a figura do prefeito costuma se confundir com a instituição pública — e onde a personalização da política rende dividendos eleitorais no curto prazo, mas pode gerar crises.
Vitorino lembrou que essa confusão entre institucional e pessoal já rendeu dores de cabeça a diversos gestores. Ele citou casos de prefeitos que foram multados ou cassados por uso indevido da máquina pública em sua autopromoção.
“Existe aí todo um cálculo de improbidade que precisa ser feito”, apontou.
Ainda sobre esse item, o consultor destacou que é necessário fazer a separação das equipes que fazem esse tipo de trabalho, inclusive na forma como são contratadas.
“Tem muito prefeito fazendo sensacionalismo e, quando você vai ver, toda a equipe que faz sua promoção pessoal é paga pelo erário”, disse.
A escolha da persona
Já sobre a performance do gestor nas redes, o consultor avalia que não existe um único formato, mas ressalvas e cuidados próprios a cada uma das “personas”.
“Tem os prefeitos que viraram popstars, e eu entendo. Acho que é um caminho. Mas tem falhas nisso. Veja: quando cai um muro em uma escola e machuca uma criança – e toda gestão está baseada na imagem dele – é a imagem dele que vai para o ralo. O prefeito ‘Superman’, que está em tudo, também tudo que acontece de errado recai sobre ele. Então é uma decisão que eu entendo, mas não tomaria”, indicou.
Por fim, Vitorino chamou a atenção para a necessária versatilidade dos gestores de comunicação.
Ele deu como exemplo uma dinâmica muito comum: prefeitos nomearem como secretários de comunicação seus antigos assessores de imprensa.
“O assessor de comunicação, na maior parte das vezes, vem do jornalismo; mas, quando ele assume como secretário, precisa lidar também com publicidade e mídia social. Então, a lógica comunicacional das prefeituras acaba ficando meio ‘manca’ do ponto de vista institucional”, iniciou.
“Vai ser secretário, não é problema nenhum ser do jornalismo ou da publicidade. Mas é preciso passar por um processo de formação”, concluiu.
Confira o videocast completo: