Imagine um programa de rádio ou podcast ao vivo em que a inteligência artificial não só escuta o que está rolando, mas participa em tempo real. Ela capta uma palavra-chave, entende o contexto da conversa, busca informações relevantes na internet em segundos e, de quebra, ainda separa automaticamente os melhores trechos para redes sociais — com legenda e tudo. Mais do que isso: a IA analisa as métricas de audiência tanto do streaming quanto da live nas redes sociais e sugere a continuidade ou mudança do assunto conforme o comportamento do público.
Esse cenário não é uma previsão distante. As tecnologias já existem. O que falta? Adaptar tudo isso para a realidade do rádio. E essa foi a provocação que me veio durante o workshop da Nvidia — e foi respondida como possível.
IA como coprodutora de programas ao vivo
Durante o workshop da NVIDIA no World Summit AI USA 2025, identifiquei um caminho direto para aplicar a IA multimodal em talk-shows de rádio. A proposta dele é clara: usar as ferramentas disponíveis hoje para criar uma IA que acompanha uma transmissão ao vivo, entende o conteúdo, sugere temas, traz dados em tempo real e até gera os cortes mais relevantes para as redes sociais, tudo isso enquanto o programa acontece.
Não é delírio futurista. A estrutura técnica já está disponível no mercado. O que não existe ainda é um modelo especificamente desenvolvido para esse uso no rádio. E é aí que entra a provocação: por que não começar agora?
Tá, mas isso já funciona?
A resposta curta é: sim, a tecnologia está pronta.
O que foi apresentado no workshop da NVIDIA inclui:
- Modelos multimodais que entendem som, imagem e texto ao mesmo tempo;
- Ferramentas de busca semântica que vão além das palavras, entendem intenção;
- Geração de conteúdo automatizada com base em bancos de dados vivos;
- Análise de engajamento em tempo real, sugerindo mudanças de pauta conforme a audiência reage;
- Criação automática de trechos para redes sociais com legendas e formatação.
O que ainda não existe é um sistema plug-and-play para rádios, ou seja, um modelo já pronto para ser usado especificamente em estúdios, com integração direta nos softwares de automação mais comuns. A ferramenta está disponível. A IA multimodal existe. O que ainda não foi feito é a adaptação para esse formato e realidade de talk-show no rádio.
O que isso muda?
Se implementado, o impacto é gigantesco:
- Redução no tempo de produção de conteúdo;
- Mais dinamismo e contexto durante os programas;
- Captação imediata dos melhores trechos para viralização;
- Feedback instantâneo sobre o que está funcionando com a audiência.
Para o rádio, é a chance de unir conteúdo ao vivo com inteligência digital de ponta, e ainda gerar material multiplataforma sem esforço extra. É a IA como produtora de conteúdo em tempo real, trabalhando lado a lado com o apresentador.
E o emprego das pessoas?
Essa tecnologia não substitui o ser humano — ela amplia as possibilidades de criação. O talento continua insubstituível, mas agora pode contar com uma aliada para trazer contexto, agilidade e impacto. A IA não rouba o microfone de ninguém. Ela só sussurra no ponto eletrônico o que pode ser incrível de dizer.
Cristiano Stuani – Consultor de Marketing e professor universitário no curso de Administração de Empresas

*Informações: tudoradio.com