A divisão geracional da TV: repensando o conteúdo local para um público fragmentado

O consumo de televisão nos Estados Unidos mostra uma divisão clara entre gerações, afirma matéria de Tim Hanlon em TVREV. A idade média dos espectadores de canais de notícias a cabo gira em torno dos 70 anos, enquanto a programação noturna da TV aberta atrai um público na casa dos 65. Já plataformas como podcasts, Instagram e YouTube conquistam um público muito mais jovem, com médias de idade variando entre 34 e 38 anos. Essa diferença revela não apenas uma questão de preferência tecnológica, mas um afastamento cultural crescente entre as formas tradicionais e digitais de se informar.

Os jovens estão abandonando a TV linear como fonte de informação. Dados mostram que quase dois terços dos americanos com mais de 65 anos ainda assistem à TV para se manter informados, mas entre os jovens de 18 a 29 anos esse número cai drasticamente para apenas 10%. A maioria dos mais novos prefere obter notícias pelas redes sociais, blogs e vídeos curtos. Essa mudança profunda desafia os veículos tradicionais, que precisam se adaptar ou correr o risco de se tornarem irrelevantes.

Esse cenário é especialmente preocupante para o jornalismo local. Com a audiência envelhecendo e as novas gerações distantes, as emissoras locais enfrentam o risco de perder influência, engajamento e até sustentabilidade. A consequência pode ser o enfraquecimento de uma das bases mais importantes da democracia: a informação de interesse público sobre o que acontece nas comunidades.

Para reverter essa tendência, é preciso reinventar formatos. Não basta apenas colocar o noticiário da noite no YouTube. É essencial criar conteúdos pensados para o digital, como transmissões ao vivo interativas em redes sociais, vídeos curtos e dinâmicos otimizados para TikTok, Reels e Shorts, e experiências que convidem o público a participar — como perguntas ao vivo e mapas interativos. O conteúdo precisa ser acessível, visualmente atrativo e diretamente conectado ao cotidiano do público.

Além da forma, o foco deve estar na personalização e localização. Com ferramentas de geolocalização, é possível distribuir alertas personalizados sobre clima, trânsito ou eventos locais. Outro passo importante é trabalhar com criadores de conteúdo locais, especialmente os da geração Z e millennials, que falam a linguagem de seu público e podem atuar como pontes entre o jornalismo tradicional e os novos formatos de consumo.

A construção de confiança passa por mostrar os bastidores da notícia, promover iniciativas de checagem em parceria com escolas e criar espaços de colaboração entre repórteres experientes e novos talentos. A credibilidade que marcou a TV tradicional não precisa desaparecer — ela pode ser transformada e adaptada para as plataformas digitais, mantendo sua função de informar e conectar comunidades diversas. Se bem executado, esse processo pode resgatar o papel vital das emissoras locais para as novas gerações.

*Informações: TVREV

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