O avanço da inteligência artificial (IA) tem impactado diretamente a produção de comerciais locais nas emissoras de rádio dos Estados Unidos, com pontos positivos e também negativos, a depender de seu uso. Uma pesquisa recente da yaman.AI, que avaliou spots veiculados entre fevereiro e julho de 2025 em 108 mercados com medição, incluindo os dez maiores do país, apontou que mais de 60% dessas campanhas não atingiram o padrão mínimo de efetividade, levantando preocupações sobre o uso indiscriminado da tecnologia sem a participação de profissionais especializados. Acompanhe os detalhes do estudo:
De acordo com o estudo, que acompanhou o desempenho de peças comerciais nesse período, a pesquisa considerou critérios como ressonância emocional, memorização da marca, clareza da mensagem e força do chamado à ação (call to action). Somente 39% dos comerciais atingiram nota igual ou superior a 8 em uma escala de 0 a 10, índice considerado pela yaman.AI como o limite entre um conteúdo publicitário meramente ilustrativo e um material com potencial real de resultado.
Entre os segmentos avaliados, os comerciais do setor jurídico tiveram a menor média (4,0), seguidos por anúncios automotivos e de varejo (5,0). Campanhas de melhorias residenciais alcançaram 6,0, e os melhores desempenhos vieram do setor de saúde, com média de 7,0 — ainda assim, abaixo do ideal na maioria dos casos.
O relatório também chama atenção para uma mudança no perfil de uso das ferramentas de IA. Em vez de utilizar a tecnologia como suporte ao processo criativo, muitas rádios estão delegando a produção de conteúdo diretamente aos departamentos comerciais, substituindo redatores e produtores treinados com o objetivo de reduzir custos operacionais.
Outro levantamento, o AI in Content Creation 2025, produzido pela Wondercraft, aponta que 21% dos profissionais de marketing e publicidade já utilizam regularmente ferramentas de voz com IA para locuções roteirizadas, campanhas localizadas e testes rápidos de criativos. O índice coloca o uso de áudio com IA à frente de vídeo em determinadas aplicações.
Para Yaman Coskun, fundador da yaman.AI, o cenário acende um alerta. “À medida que as rádios buscam incorporar a IA nos departamentos criativos, observamos uma tendência preocupante na qualidade dos comerciais. A inteligência artificial não deve ser uma justificativa para demissões — e sim uma revolução para fortalecer os profissionais”, afirmou.
Coskun reforça ainda a importância do fator humano na comunicação via rádio. “O poder emocional do rádio é construído por humanos para humanos. O verdadeiro ganho está em potencializar o talento humano com IA — não substituí-lo”, concluiu.
*Informações: tudoradio.com e RadioINK