Foto: Hannah Andrade/AMIRT
“Laços que Fortalecem” reforçou que a atenção à saúde da mulher vai além dos exames de rotina
Aconteceu, na última terça-feira (21), o evento “Laços que Fortalecem: Autocuidado e Bem-Estar Feminino”, promovido pelo Servas (Serviço Social Autônomo), como uma extensão do projeto Conecta+.
Em sintonia com o Outubro Rosa, a iniciativa reuniu mulheres para uma tarde de cuidado, escuta e conexão no Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte, como um convite ao autocuidado em todas as dimensões: física, emocional e social.
A presidente da entidade, Christiana Renault, reforçou que o principal objetivo do encontro, neste mês de outubro, vai além das palestras, buscando o resgate da dignidade das mulheres:
“Nós sabemos que se nós queremos que as mulheres tenham um autocuidado suficiente para que elas façam o exame para prevenção do câncer de mama, nós devemos antes ajudá-las a poderem ter autocuidados mais simples. Então, se a mulher sofre de pobreza menstrual, se ela não tem um creme hidratante, se ela não tem um sabonete para promover aquele cuidado mais simples, mais usual, mais cotidiano no dia a dia dela, fica difícil eu querer que ela promova um cuidado mais específico, que é aquele da prevenção do câncer de mama,” explicou.
“Então, é um estímulo para a construção da dignidade, para que a mulher consiga ir construindo ou resgatando, caso ela tenha sido perdida, uma dignidade que vai permitir a ela que se cuide todos os dias e, neste cuidado de todos os dias, ela integre a prevenção ao câncer,” completou.
Foto: Suelen Rodrigues/AMIRT
Palestras
O evento faz parte da Campanha Laços, iniciativa do Servas voltada ao acolhimento, à dignidade e à autoestima — especialmente para mulheres em situação de vulnerabilidade, quando faltam recursos até para o básico.
Durante a programação, as participantes puderam vivenciar momentos de reflexão sobre a importância do cuidado integral com a saúde feminina.
A psicóloga Ana Carolina Amorim promoveu alguns minutos do chamado check-in emocional, no qual as convidadas tiveram a oportunidade de “olhar para dentro de si”, entendendo o valor de ter uma pausa na rotina para elas mesmas.
“A primeira coisa que a gente tem que fazer é isso, é parar um pouco. Porque esse mundo que a gente vive tão acelerado, eu falo que é um mundo hiper conectado, mas é um mundo também hiper carente, né? E a gente não para, você sabe que tem até uma epidemia de solidão. E a primeira coisa é você estar conectado com você mesma, né? Entender o que está acontecendo com a sua vida, com o seu corpo (…) e de manhã já dá para fazer isso, antes mesmo de pegar o celular,” comentou.
Fotos: Suelen Rodrigues e Hannah Andrade/AMIRT
As palestras também destacaram o papel das redes de apoio — como grupos da igreja, do crochê e de atividades físicas — para o fortalecimento da saúde física e emocional. A médica Elizete de Fátima Rocha esclareceu que um dos principais motivos que ainda impede muitas mulheres de manterem os exames em dia e cuidarem de si com regularidade é o desconhecimento, muitas vezes causado pela falta de inserção na comunidade:
“O (motivo) principal é o desconhecimento. O desconhecimento da importância da prevenção. Tem mulheres, por exemplo, que acham que é só fazer uma mamografia, não conhece que você mesmo pode fazer o autoexame da mama, localizar o nódulo… Acha também que tem que sentir dor. E a gente vê que muitos desconhecem até o acesso, por exemplo, na humanidade básica de saúde, que a gente consegue marcar um ginecologista para fazer um exame de mamografia. Então, acho que o principal que a gente tem que combater é o desconhecimento,” disse.
“E o outro também é que muitas mulheres deixam o fazer do dia a dia (tomar conta), não se coloca em primeiro lugar. Esse tema de hoje, o autocuidado, é muito importante: a mulher lembrar que a gente tem que cuidar do outro, mas tem que cuidar de você inicialmente,” acrescentou.
Fotos: Hannah Andrade/AMIRT
Programação
Além da troca de experiências, o evento contou com uma visita guiada pelo Palácio da Liberdade e a exposição de três novas fotos de ex-primeiras-damas de Minas Gerais. O projeto de busca e exposição dessas fotos também foi uma iniciativa do Servas, em parceria com a Secult-MG e o Governo de Minas.
A Sala de Retratos das Primeiras-Damas de Minas Gerais tem o objetivo de lembrar mulheres que trabalharam com empenho pelo estado, ao lado dos governadores.
A vice-presidente do Servas, Dinorá Carla, explicou a escolha do local para a realização da palestra:
“O Servas é um anexo aqui do Palácio, nós escolhemos esse espaço primeiro porque é um lugar privilegiado. Segundo, porque recentemente foi inaugurada a Sala das Mulheres, não havia referência às mulheres aqui no Palácio. E em terceiro lugar, porque nós vamos fazer uma visita guiada com todas as mulheres, com todas as pessoas que estão aqui hoje e para muitas delas é a primeira vez que elas estão no Palácio, que elas adentrarão o Palácio.”
Foto: Servas/Divulgação
Christiana Renault relatou ainda a importância simbólica da Sala de Retratos:
“A própria ausência do retrato mostra uma desvalorização daquela mulher que esteve ali ao lado daquele governador. É claro que quanto mais distante tiver sido esse mandato de um ex-governador, mais difícil é encontrar as fotos. Mas cada foto encontrada nos dá uma alegria de estar preenchendo uma lacuna naquela sala para que aquela mulher que cumpriu o seu papel, que esteve ali ao lado do marido, construindo a nossa história, seja valorizada.”
Fotos: Servas/Divulgação
O evento mostrou que o autocuidado vai muito além dos exames de rotina. É sobre olhar para si, reconhecer o próprio valor e fortalecer os laços que unem mulheres em uma mesma caminhada.
Sobre a Campanha Laços
Alguns dos artigos que podem ser doados incluem:
- Absorventes
- Sabonetes e hidratantes
- Shampoos e condicionadores
- Maquiagem e esmalte
- Protetor solar e desodorante
- Creme dental e fio dental
- Lenços umedecidos
A contribuição também pode ser realizada via PIX: [email protected]
Confira a reportagem audiovisual:
Confira a reportagem em áudio:
Confira a cobertura do evento:
