Diferente do mercado americano, dados sobre hábitos de consumo de conteúdo de áudio no Brasil são escassos – uma boa exceção é o estudo anual Inside Audio da Kantar. Na ausência de dados mais abrangentes e frequentes por aqui, um olhar para os EUA pode ajudar a entender macrotendências e é aí que se destacam as pesquisas da Edison Research.
Para entender como os americanos incorporam o áudio em seu dia a dia, a pesquisa trimestral Share of Ear, que tem monitorado esses padrões desde 2014, oferece insights valiosos. Esta pesquisa responde à questão fundamental de
“Qual porcentagem do tempo diário de escuta é dedicada a várias fontes de áudio?”.
Em particular, os resultados desta pesquisa para o segundo trimestre deste ano, mostram que o rádio AM/FM representa a maior fatia do tempo diário de escuta de áudio entre americanos com 13 anos ou mais. De fato, pouco mais de um terço de todo o tempo diário dedicado ao áudio é para o rádio AM/FM, seja ele consumido via transmissão terrestre ou via streaming.
No entanto, quando se consideram os formatos de áudio entregues pela internet, o cenário se expande significativamente. A combinação de diversas fontes online –streaming de música, podcasts, YouTube para música e videoclipes, transmissões de estações de rádio e streaming do rádio por assinatura SiriusXM – totaliza bem mais de 50% de todo o tempo de escuta.

Esses dados revelam que o áudio é um espaço dinâmico, e a pesquisa Share of Ear tem documentado mudanças consideráveis nos padrões de consumo de áudio ao longo de seus onze anos de história. A evolução da tecnologia, novos dispositivos e serviços continuam a moldar a forma como os americanos interagem com o áudio.
O cenário brasileiro
No Brasil, o consumo de áudio é uma parte integrante da rotina diária, com uma parcela significativa da população engajada em diferentes formatos. De acordo com a edição 2025 do estudo Inside Audio, da Kantar, 92% dos brasileiros ouvem algum formato de áudio, abrangendo rádio, músicas, streamings ou podcasts. Essa presença massiva destaca o áudio como um formato versátil, capaz de acompanhar o consumidor em diversos momentos do dia e criar experiências envolventes.
O rádio tradicional continua sendo uma força dominante. Ele atinge 79% das pessoas nas 13 regiões metropolitanas pesquisadas, com os ouvintes dedicando uma média diária de 3 horas e 47 minutos à escuta. O rádio é amplamente reconhecido por sua capacidade de oferecer informação (60%), emoção (54%), diversão (36%) e companheirismo (29%). Embora a maioria da audiência ainda se concentre no dial AM/FM (70%), o conteúdo das emissoras de rádio também está presente em múltiplas plataformas digitais, como YouTube (33%), serviços de streaming de áudio (16%), aplicativos das próprias emissoras (13%) e redes sociais (12%).
Além do rádio, os formatos de áudio online têm ganhado destaque, reinventando o cenário do consumo. Metade dos ouvintes de rádio (50%) ouviu ou baixou podcasts nos últimos três meses. O streaming de música também é um hábito comum entre os ouvintes de rádio, com 60% consumindo esse tipo de conteúdo. Os principais atrativos do áudio online para os ouvintes incluem o acesso sob demanda (54%), a variedade de conteúdo disponível (52%), a facilidade de acesso em diferentes dispositivos e locais (37%), a personalização de recomendações (37%) e o controle total da reprodução (34%).
Em síntese, o panorama do consumo de áudio no Brasil é dinâmico, caracterizado pela força contínua do rádio e pela crescente adoção de plataformas e formatos digitais que oferecem conveniência e personalização.
*Fonte: ZYDigital